A denúncia foi feita por um dos tripulantes, Everton Novely. Ele disse que a briga envolveu dois dos menores (os de 15 e 16). O de 15 é filho do homem que estava atuando como mestre da embarcação, sem, no entanto, ter a documentação para isso. A briga teria começado entre os menores porque o de 16 não queria mais ficar trabalhando no barco em razão de um dos adultos ir embora. "Iria sobrar mais para nós", disse ele.
O filho do mestre não gostou do que o outro menino disse, exatamente por seu pai estar no comando, e a discussão começou. Os tripulantes foram apartar a briga, e segundo o menor de 17 anos, um dos tripulantes disse que iria jogá-lo ao mar. "Eu fiquei com medo, pois quem falou isso foi o irmão do cara com quem eu estava brigando", disse o adolescente de 15 anos.
"Eu fiquei apavorado. Vi o menino chorando de medo e vi que a coisa iria ficar feia. Por isso, decidi na hora ligar para a Capitania dos Portos e fazer a denúncia", ressalta Novely. Com a informação, o comandante da Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul, Nilson Seixas dos Santos, imediatamente acionou o Conselho Tutelar, o Ministério da Pesca e o Ibama. A situação foi avaliada pelo comandante Nilson como grave e preocupante. "Principalmente pelo envolvimento de menores".
Os dois que brigaram eram "amigos de anos", como conta o de 15 anos. Quando perguntado como a amizade ficaria a partir de agora, os dois disseram que não haveria mais como manter. "Não né? Não tem mais como a gente ser amigos. Ainda mais com toda a confusão que deu", concordam os dois.
Os menores, em sua primeira viagem, ganharam R$ 500 para embarcar. "Ficaram de dar mais no final da viagem. Mas o que vimos até agora foi só isso", afirmaram. Quando perguntados sobre o trabalho que não poderiam estar exercendo, afirmaram que para eles este valor significava a liberdade de fazer o que quisessem. "A gente queria sair e não tinha dinheiro. E nenhum de nós quer ficar pedindo dinheiro pra pai e mãe", revela um deles. "A gente acha que trabalhando é a melhor opção para conseguir dinheiro", enfatiza o de 17 anos.
Os menores de 16 e 17 foram conduzidos por conselheiros tutelares do Rio Grande para serem entregues ao Conselho Tutelar de São José do Norte, onde seriam tomadas as providências cabíveis. O de 15 ficou com o pai, que deverá prestar esclarecimentos sobre a situação dos três no barco, sobre a pesca ilegal e a situação irregular dos tripulantes. O barco estava há 11 dias no mar e iria ficar ainda mais 10.
Everton Novely e outro tripulante, Everton Ferreira Laureano, não possuem habilitação para pesca. E segundo eles, o valor recebido também foi de R$ 500 para embarcar. "A gente fica de 15 a 20 dias no mar. Não recebemos nada quando saímos e só na outra viagem é que nos pagam", concordam os dois. Conforme Miriam Bozetto, representante do Ministério da Pesca, "conseguimos identificar que dois tripulantes teriam habilitação de pescador industrial, mas estas estão suspensas, pois não foram renovadas, e o restante da tripulação é de pescadores artesanais.
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